AJ Limão Ervilha
O Viés de Sobrevivência que Mata Startups está presente em quase todos os negócios.
Deparei com uma reflexão poderosa que me levou a uma análise profunda: por que a maioria dos empreendedores estuda apenas os casos de sucesso?
Olhar para as histórias de Apple, Google ou Netflix é inspirador, mas elas representam uma minoria estatística. Para realmente entender o que mata um negócio, é crucial focar nos 90% que falharam. Este fenômeno é conhecido como Viés de Sobrevivência, e ignorá-lo é um erro fatal.
A partir desta lente, expandi a análise para 5 lições de negócios fundamentais que extraímos ao investigar os “aviões que não voltaram” no mundo das startups. Se você quer blindar seu negócio, a sabedoria está no fracasso.
- O Risco de Olhar Apenas para o Topo (Viés de Sobrevivência)
Lições de Negócios:
- Para entender o sucesso, você deve analisar os fracassos (os aviões que não voltaram), pois eles contêm as lições sobre o que realmente mata um negócio.
Exemplo de Startup (O “Avião que voltou” vs. O Ignorado):
- Theranos: Esta startup levantou US$ 700 milhões. Ao invés de estudar o sucesso aparente, a lição crítica (que a tecnologia nunca funcionou) só apareceu quando se investigou o que a empresa estava tentando esconder (os dados ausentes/falsificados).

Caso Theranos: A Tecnologia nunca funcionou
- Blindar o que “Parece Intacto” (Identificar as Vulnerabilidades Críticas)
Lições de Negócios:
- Concentre-se em proteger os fatores críticos de falha do seu negócio (o “motor” e o “tanque de combustível”) – mesmo que pareçam intactos – em vez de reforçar apenas as áreas de dano superficial.
Exemplo de Startup (O “Ponto Cego”):
- Juicero: Esta startup levantou US$ 120 milhões. O produto parecia robusto, mas sua vulnerabilidade crítica era a premissa: o sachê de suco proprietário podia ser espremido à mão. O núcleo do negócio (a máquina) era desnecessário, uma falha fatal que implodiu a empresa.

Juicero: O sachê podia ser espremido na mão
- Timing é Mais Importante que Produto e Equipe
Lições de Negócios:
- Um bom produto e uma ótima equipe não garantem o sucesso se o timing de mercado estiver errado. O mercado pode não estar pronto para a solução ou o cenário competitivo pode ter mudado.
Exemplo de Startup (Boa Equipe, Mau Momento):
- Quibi: Plataforma de streaming de vídeos curtos para celular, com grandes investimentos (US$ 1,75 bilhão). Seu fracasso, em parte, foi o timing: eles lançaram a ideia de vídeos curtos pagos em um mercado já saturado e dominado pelo TikTok e YouTube (que ofereciam vídeos curtos gratuitos).

Quibi: Videos curtos em mercado saturado
- Cuidado com as Ilusões Perigosas (A Falha de Copiar o Sucesso)
Lições de Negócios:
- O Viés de Sobrevivência leva empreendedores a copiar cegamente o que parece ter funcionado para os vencedores. No entanto, replicar táticas sem entender o contexto subjacente pode ser fatal.
Exemplo de Empresa (A Ilusão da Cópia e do Sucesso Fácil):
- Blockbuster: Em 2000, a Blockbuster focou em ser a “melhor varejista” (copiando e melhorando seu próprio modelo de sucesso) e ignorou a ameaça inovadora do streaming. A ilusão era que o sucesso continuaria seguindo o modelo antigo, levando à perda da chance de comprar a Netflix.
- Faça a Pergunta Certa: “Você está Olhando os Dados Certos?”
Lições de Negócios:
- Adote o pensamento de Abraham Wald: questione os dados visíveis e procure ativamente pelos dados invisíveis, ausentes ou negligenciados para obter uma imagem completa e precisa da realidade.

Abraham Wald – Viés de Sobrevivência.
Exemplo de Empresa (Perguntar Sobre o que Falta):
- Kodak: A empresa inventou a câmera digital, mas os dados que a gestão olhava eram os de curto prazo do lucrativo negócio de filmes. Eles se recusaram a investir no digital para não canibalizar a receita. O dado negligenciado (a rápida adoção digital pelos concorrentes) levou a empresa à falência.

Kodak: Matou ideia para não atar receita
✨ Conclusão: Mude o Foco da Lupa
O Viés de Sobrevivência não é apenas um conceito acadêmico; é uma falha de planejamento que desvia a atenção da maioria dos empreendedores.
O sucesso da Apple ou do Google ocorreu em um contexto único, com variáveis que são quase impossíveis de replicar. No fracasso de Theranos, Juicero ou Blockbuster, por outro lado, revela padrões de erro que são universais e recorrentes: vulnerabilidades críticas ignoradas, timing de mercado errado e a ilusão de que o sucesso continuará.
O verdadeiro aprendizado está em mudar o foco da lupa. Não basta saber o que deu certo para o 1% que sobreviveu; é obrigatório entender as forças que destruíram os outros 99%. Ao analisar os aviões que não voltaram, você descobre onde o seu próprio “motor” e “tanque de combustível” estão mais vulneráveis. Essa é a única forma de blindar seu futuro.
Agora é sua vez: Qual caso de fracasso de startup ou grande empresa você considera o mais instrutivo? Deixe seu comentário abaixo!
Empresário, professor, escritor, palestrante, consultor há mais de 25 anos em organizações como @Ambev, @Coca-Cola, @Duratex, @Hospital Albert Einstein, @Mercedes-Benz, @Philips, @Renault do Brasil, @Unilever, @Volvo.
Autor dos livros: Liderando Equipes, Negocie Bem, Negociando em Qualquer Situação (Saraiva) Habilidades de Negociação, Persuasão Oculta (Nobel).
